Rainhas da antiguidade: sedução e majestade

Dirce Lorimier Fernandes
Nicodemos Neves Sena Editora e Livraria - ME

30,00

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"Este livro é uma composição narrativa de verdades e mitos, descortinando informações que ultrapassam a frieza da pesquisa histórica", assim avalia o escritor e jornalista Joaquim Maria Botelho, em texto de orelhas, a seguir transcrito. Elisa é Dido, a imortal musa de Virgílio, aquele mesmo que Dante Alighieri escolheu para ir consigo aos infernos, na Divina Comédia. No livro II d’A Eneida, Dido acolhe Enéias em Cartago e lhe pede que conte a tragédia da derrocada de Troia. Tornam-se amantes e o idílio ocupa até o livro V, quando o inexorável destino, tecido pelas Moiras, obriga Enéias a seguir viagem para fundar a Itália. Agoniada, a rainha africana sucumbe à amargura e se atira em uma pira funerária. Goethe também menciona Elisa, e Bernard Shaw dá o mesmo nome à sua florista, em Pigmaleão. Dido tem um irmão, Pigmalião, mas é outro, não aquele rei de Chipre que protagoniza As metamorfoses, de Ovídio. Cleópatra, que subjugou pela paixão os imperadores romanos César e Marco Antônio, era descendente de Ptolomeu, general de Alexandre, o Grande, que depois da morte do comandante macedônio resolveu criar um império no Egito. Essa mulher não desempenhou apenas o papel de princesa romântica, lasciva e pérfida que as lendas lhe impuseram. Ao contrário, foi uma efetiva militante política, obcecada pela restauração do reinado ptolomaico. Não morreu de pena; morreu de raiva. Zenóbia, três séculos adiante de suas duas companheiras citadas neste livro, ergueu-se habilmente à condição de rainha absoluta da pequena Síria, então reino de Palmira. Representante de uma nova era, do ponto de vista religioso, social e cultural, apoiou o judaísmo, financiou poetas e pesquisadores. Mas, ambiciosa, lançou-se à fúria expansionista. Imprudente, desafiou Roma. Proclamando-se parente de Cleópatra, conquistou o Egito pelas armas. Sucumbiu diante do exército de Aureliano. São três mulheres que alcançaram destaque social e poder num tempo em que a mulher era subalterna, objeto, possessão apenas. Em comum, isto: afrontaram Roma, no mais augusto dos seus lauréis, que eram os seus generais (César, Marco Antônio, Cipião e Aureliano). Que maior demonstração de força a história conseguiria reservar para essas jovens? A escolha dessas três personagens, para este livro, mostra a admiração de Dirce, a historiadora, pelas mulheres fortes — mesmo as que pereceram, vitimadas pelas próprias fraquezas. Foram, todas, mães zelosas na defesa dos filhos e herdeiros. Este livro é algo como a historiadora realizar a pesquisa com um olho no espelho. Competente profissional, buscou as fontes consagradas, mas gentil escritora, não descartou as lendas e as variantes, porque toda lenda tem base real. Este livro é uma composição narrativa de verdades e mitos, descortinando informações que ultrapassam a frieza da pesquisa histórica. Repetimos a pergunta que a autora se faz, a páginas tantas: “Será que cada uma dessas mulheres representa um passo na evolução da humanidade?”