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A misteriosa morte de Miguela de Alcazar
Lourenco Paulo da Silva Cazarre
BERTRAND
49,90
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Embebido... Não. Encharcado (o narrador certamente esculhambaria o primeiro adjetivo como algo incrivelmente pernóstico) de frases ferinas, sarcasmo feroz e deboche deslavado, este A Misteriosa Morte de Miguela de Alcazar é um típico Lourenço Cazarré. Imagine um improvável simpósio dos maiores escritores de romances policiais do planeta. Coloque-o em um hotel chinfrim em uma não menos improvável Brasília. Está pronto o cenário para esta sátira escrachada de um romance policial — com pitadas de estudo quase científico das entranhas do jornalismo e da literatura. Para completar o quadro, o narrador e personagem principal desta história é um estranhamente verossímil repórter policial gaúcho, Campestre de Campos Campelo. O dito-cujo percorre a capital federal em um Fusca amarelo ano 1968, vulgarmente conhecido como Revolução de Maio, e armado apenas de impagáveis reflexões filosóficas e de um dialeto gaudério de rolar de rir. Intimado pelo editor do jornal onde trabalha, o Correio de Brasília, Campestre vai até o Brasília Palace para checar a informação de que o local estava realmente abrigando o Primeiro Congresso Internacional de Escritores de Histórias Policiais. Num jornal, você pode tudo: mentir descaradamente, vitaminar os fatos e embelezar a realidade. Só não pode desobedecer a uma ordem, mesmo que estúpida, sentencia nosso herói ao aceitar a missão. Para pasmo do gaúcho, ele não só confirma a realização do evento — até então secreto — como também descobre que uma das ilustres convidadas, a espanhola Miguela de Alcazar y Casas de Bourbon, havia sido assassinada. Quem seria o culpado? Um dos colegas da literata, movido pelo sempre presente e à mão motivo da inveja irracional pelo sucesso alheio? A busca de Campestre pelo assassino é uma saga hilária que fará até o pai do romance policial moderno, aquele atormentado Edgar Allan Poe, dar voltas no túmulo — de tanto rir e aplaudir. Tente conter as gargalhadas. Não duvide: será uma tarefa para lá de inglória. Lourenço Flore
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