A fome

Rodolfo Teófilo
TORDESILHAS

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Um clássico do naturalismo brasileiro, publicado originalmente em 1890, esta é a mais recente edição do livro desde 1979. Valendo-se da ideologia cientificista da época, a narrativa descreve as angústias da mais longa seca nordestina de que se tem notícia, a de 1877-79, responsável pelo desaparecimento de 4% da população da região, particularmente do Ceará (a então província mais atingida), e pela miséria de milhares de outras pessoas. O romance acompanha a vida de retirantes reduzidos a condições animalescas, chegando ao extremo da autofagia para aplacar a fome. Considerado, por um lado, a pedra fundamental para a geração regionalista dos anos 1930, principalmente para Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos e José Lins do Rego, por outro lado, o romance foi revestido pela faceta de maldito, especialmente por levar a técnica naturalista ao extremo em descrições cruas e detalhadas de miséria e degradação humana. Em resposta aos detratores, o autor costumava apontar matérias de jornais que o teriam inspirado a criar as violentas cenas de sua obra. Ao lado do livro homônimo do norueguês (e Nobel) Knut Hamsun, publicado no mesmo ano, A fome de Rodolfo Teófilo é apontado pelos registros da literatura universal como primeiro romance a tematizar o assunto que lhe dá título. O volume foi organizado por Waldemar Rodrigues Pereira Filho, doutorando em teoria literária na Unicamp e estudioso do romance, e posfaciado por Lira Neto, autor da única biografia do romancista cearense. A presente edição traz ainda detalhada cronologia e bibliografia de e sobre Rodolfo Teófilo.